Abri um espaço
para a sua moradia
e quando fui visitar
vi os buracos que haviam
14 os que eu pude
contabilizar
não entendi a furadeira
e nem a pá
Então você me falou
das flores
das frutas
das cores
que estariam lá
Lá me coloquei na espera
dias,
noites,
tardes,
madrugadas
e nada
Nenhuma cor floresceu
nem flor abriu
nem fruta
nada
À porta bateu um
sedutor convite
“eu tenho várias sementes
de coisas lindas”,
você disse
Então te deixei entrar
com um sorriso no rosto
e vi você plantar de dia
e pisar nelas a noite
“é para crescer mais rápido”
você dizia
e elas morriam
Surgiu de repente
uma mão carinhosa
a limpar minhas lágrimas
compadecida de meu
Sofrimento
a mãozinha se ofereceu para
tapar os buracos
Aceitei. talvez
as terras
não fossem férteis
Cada buraco que a mão
tapava
era um a mais que se abria
e a dor continuava
e a tristeza persistia
Revoltada, cansada
e desiludida
mandei todo mundo embora
troquei toda a terra
e fui cuidar da vida.