Netflix, a abusada e como não ter nostalgia com “Blockbuster”

Como toda pessoa nascida nos anos 80, claro que frequentei videolocadoras. Ficava horas escolhendo o meu próximo filme, porque, crianças, se hoje em dia a gente pena com qual escolher, quando com um botão podemos ir para o próximo, imagina com o peso da responsabilidade em escolher um que fosse bom, senão todo seu fim de semana ia para o brejo.

Talvez por isso os Millennials sejam indecisos até hoje, porque sabem bem o peso de pagar (literalmente) por uma péssima decisão. E talvez por isso eu curta demais um repeteco. Quando criança aluguei tanto A Bela e A Fera que meu pai se achou no direito de gravar. Era por cima do Pinóquio, inclusive, história que não me lembro como acaba. Mas enfim. Meus irmãos tiram sarro até hoje da menininha que olhava a loja toda e voltava abraçada com A Bela e A Fera.

Confesso que não ia muito a Blockbuster. Não, a rede americana beirava a coisas que apenas pessoas muito ricas faziam. Lembro de ficar tensa porque até respirar lá dentro parecia mais caro. Mas, com o tempo, as videolocadoras foram fechando e só sobrou uma, na Avenida Água Verde que depois com o tempo era metade Blockbuster, metade Lojas Americanas. Podia ser legal, afinal muita gente vai nas Americanas pra comprar besteira e entrar escondido no cinema, mas não foi uma combinação muito boa.

Quando eu vi a série da Netflix pensei logo: que abusada! Ela faz essa piada, em que mistura uma crítica ao fato de que a Blockbuster era, na verdade, uma rede e não um pequeno negócio, enquanto vai fazendo relações de filmes antigos, numa nostalgia sem tamanho. Não pesquisei, mas fiquei pensando aqui, será que todos os títulos que ela cita, estão no catálogo?

Estaria ela tirando sarro de seus clientes quando coloca todos que se relacionam com filmes como perdedores? Ou então estaria preparando psicológica e emocionalmente seus clientes para as mudanças que virão? Enfim, teorias da conspiração à parte.

Vamos aos fatos. “Blockbuster” estreou no dia 3 de novembro de 2022, uma quinta-feira pós-feriado. “O gerente da última Blockbuster luta para manter a loja aberta e os funcionários felizes, em meio à concorrência e seus próprios sentimentos.” – essa é a premissa que encontramos no site da Netflix.

E tenta fazer uma conexão com uma série muito amada pelos fãs: “Randall Park e Melissa Fumero estrelam esta série cômica criada por Vanessa Ramos, roteirista de ‘Brooklyn Nine-Nine’.”.

Ah, mas só porque é da mesma roteirista não quer dizer nada. Não quer mesmo. Mas a gente que é fã e órfão de boas séries se ilude fácil. Ainda mais com uma descrição que ela é “Espirituosos, Irreverentes, Alto-astral.”. Quem é que não quer assistir algo assim no fim de um dia estressante?

Ela mergulha naquela sensação bem norte-americana de formação de comunidades e preocupação com os pequenos negócios, em uma sensação de que todo mundo tem pequenos negócios e precisa se apoiar. Podemos chamar isso de “capitalismo do bem”?

Resumo: Blockbuster parece uma série bem abusada que vai dar aquele toquezinho de nostalgia e deixar o público melancólico e feliz. Mas é daquelas séries que você pode ver enquanto lava a louça. Porque se perder alguma coisa não fará grandes estragos.

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