É difícil quando você tem o primeiro coração quebrado. Aquele segundo que muda toda uma vida. Aquele mísero segundo que faz toda a diferença do que virá depois. Quando toda a inocência que ainda existe desaparece e começa aquela dor latejante no peito. Clichê eu sei, mas se eu fechar os olhos ainda consigo senti-la. É como se as coisas saíssem do eixo e você não é capaz de compreender o que acontece. É um terremoto na sua casa da infância. E você ainda pode ver você no balanço, inocente enquanto tudo rui a sua volta. Eu não vou dizer que é como cair de um penhasco, porque certamente iria doer e eventualmente teria um fim. É isso, doeria, mas já era e você não sentiria nada. Não.
Um coração quebrado dura uma vida. Dura quanto você demora para se dar conta que quer ele novo de volta. Que quer ser livre disso tudo. Que quer fechar os olhos e sentir a dor indo embora. É isso o quanto dura um coração quebrado. Algumas pessoas fazem isso mais rápido que outras. E algumas nunca fazem isso. Nunca admitem para si mesmas que o tem e ignoram toda a dor.
Algumas fazem disso o seu troféu e colocam, quase como se fosse uma melancia no pescoço, e saem por aí se achando donas de tudo só porque tem um coração quebrado. Como se ninguém mais tivesse passado por isso. Porque talvez elas precisem se sentir únicas. Elas precisem porque já sabem que não são. Que estão junto com todos os outros corações quebrados, numa imensa sala de corações quebrados, em um grande prédio de corações quebrados. Catalogadas, arquivadas, como se ninguém mais fosse ver, mas estão lá.
E então chega um dia que você tem que ir lá e dizer: ei, vim aqui buscar o meu. E você o leva pra casa e remenda. Talvez ele não fique novo como antes, talvez você demore a se adaptar com esse jeito novo, mas uma coisa você sabe: que é possível remendar. E que é melhor ter o seu coração remendado que deixar ele guardado num lugar qualquer. Peraí, já são duas coisas.
Descobrimos, cada um a seu tempo, que a dor do coração despedaçado é criada por nós mesmos, pelas armadilhas do nosso ego. O outro nos vê como realmente somos, nós nos vemos como o que gostaríamos de ser. É uma reflexão dura, mas quando nos avaliamos friamente a melancia cai do pescoço e a reforma íntima é quase automática, e o coração volta a pulsar visceralmente 🙃
CurtirCurtido por 1 pessoa
Concordo com você! Mas precisamos estar preparados para olhar para nós mesmos e tomar as decisões que cabem para cada momento. Não acho que seja simplesmente olhar, mas estar preparado e maduro para isso. Senão pode só gerar culpa e medo, o que aliás é o que acontece com muita gente que eu vejo por aí. “Culpa minha, porque deixei o outro entrar, e medo de isso acontecer de novo.” Mas quando você está maduro o suficiente pra se perdoar, e também perdoar o outro muitas vezes, aí sim acontece naturalmente… grata pela reflexão Juliano! Um abraço!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Quantas vezes aguentamos um coração quebrado? Isso dói demais e nada que se diga pode descrever esta experiência pesada. Adorei seu texto e suas reflexões, muito bom! :)
CurtirCurtido por 1 pessoa
Verdade, Marcelo! Dói muito mesmo! Obrigada pela visita e pelo comentário! Fico feliz que tenha gostado! Um grande abraço!
CurtirCurtido por 1 pessoa
:)
CurtirCurtido por 1 pessoa