“Eu parei de responder. Ela devia saber que perdi o interesse e não ficar me mandando mensagens.”
Fiquei horrorizada quando um amigo me disse isso. Não que eu não soubesse, ou que não tivesse acontecido comigo, mas ouvir esse comentário, com todas essas palavras me fez pensar sobre o assunto. Essa situação é horrível para as duas partes.
Quem se utiliza do ghosting para terminar qualquer relacionamento (seja de 1 dia ou mais) dá grandes sinais de imaturidade. Tudo ficou tão tecnológico que simplesmente deletar o outro é quase como desinstalar aquele aplicativo que você não gostou, ou cansou de usar. Além da possibilidade de deixar “a porta aberta”, caso esteja sem ninguém pode retomar o contato dizendo que estava ocupado.
Isso equivale a deixar várias janelas abertas no navegador, quando você vê, nem sabe mais o que estava procurando. Então, de uma hora para outra, pode se achar preso na possibilidade eterna de achar “alguém melhor” e se perceber vazio, com a impressão de que ninguém tem nada interessante. O que parece ser uma solução fácil, acaba criando um problema bem maior.
O que dizer de quem sofre o ghosting? Primeiro há a negação e uma espera quase que interminável de que a qualquer minuto a pessoa vai te responder. Uma sensação realmente infernal. Quando você se dá conta que isso não vai acontecer, e se convence que é isso mesmo, dói. É uma sensação tão grande de desvalorização que você não merece nem um adeus. O sentimento de carência e solidão aumentam consideravelmente.
Quando confrontei o meu amigo com esses argumentos, ele me respondeu que se sentia pior em dizer que não queria mais. É ruim mesmo dizer a verdade quando isso pode magoar o outro, mas ainda acho a melhor opção. Expliquei para o meu amigo que, por pior que fosse o não, ela poderia dar um ponto final para isso e seguir em frente. E foi o que aconteceu. Ela respondeu a mensagem agradecendo por ele ter sido verdadeiro e ele me confessou ter tirado um peso das costas.
Utilizar-se do ghosting para não querer magoar o outro é uma mentira gigantesca. O outro vai sair magoado de qualquer jeito, e pode até demorar mais para se recuperar. Dizer a verdade não vai piorar a situação, vai mostrar que você tem caráter, é maduro emocionalmente e assume as suas decisões. Também vai te ajudar a construir relações com mais qualidade.
Daniela.
Gostei bastante do seu texto. O ghosting não é um fenômeno novo,mas é pouco conhecido -principalmente no Brasil- e ainda sem nenhum estudo por parte de psicólogos. Concordo que é uma forma mais ascética de lidar com relacionamentos fracassados, de certa maneira aponta de fato para uma imaturidade.
Contudo considere que vivemos na era do on line dating. O que seria mais adequado para terminar a relação? A resposta é o ghosting, o desaparecimento virtual. Não que isso resulte em uma saída justa (não é o caso de um julgamento moral) mas é uma resposta psicologicamente adequada a nossa realidade (sim eu sou psicólogo) tecnológica.
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Que bom que gostou do texto!!!
Bom, eu sou jornalista e poetisa, sem nenhum embasamento teórico para analisar essas relações. Ele foi escrito realmente com base na minha visão de mundo, e que, por ser minha, é limitada. Dito isso, vou lhe responder com a minha opinião, de acordo com o que vejo e percebo.
Concordo que o “ghosting” não é um fenômeno novo. Minha mãe e minhas tias já passaram por isso na época em que se correspondiam com os pretendentes por carta. rs.
Confesso que exagerei ali no 1 dia ou mais.
Se ele apenas ficasse no online, eu concordo com você, seria uma boa opção. Você sai com a pessoa, não dá certo e não tem porque estabelecer contato, ok.
Mas veja, no caso específico do exemplo, ele levou a menina para um jantar de formatura com os amigos, depois de várias saídas, e mesmo assim, saiu com ela outras vezes depois dessa ocasião. Eu não considero como online dating, ultrapassa isso.
Acho perigoso considerar uma “resposta adequada”, mesmo que estejamos vivendo em uma era tecnológica não somos máquinas, e isso tem sido esquecido nas relações humanas. As discussões no Facebook mostram essa questão de forma clara, algumas perdem os limites do respeito, porque o outro se torna apenas uma foto em uma rede social.
Talvez você tenha razão e o meu discurso seja um pouco utópico, mas honestamente eu não vejo as pessoas praticando o ghosting felizes, pelo contrário, a maioria se cerca de culpa e medo. Então, dentro do meu limite de mundo, essa situação cria dois tipos de indivíduos, aqueles que sofrem por não lidarem com o abandono, e aqueles se sentem angustiados, pois tem medo de encontrar o outro na rua. Não consigo ver isso como um comportamento saudável.
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Nenhum término é feliz. Não existe um maneira realmente eficaz de terminar uma relação. O ghosting talvez esteja mais na moda; mas como vc mesmo apontou: as cartas não respondidas, os telefonemas que nossos irmãos atendiam e os recados que eram “esquecidos” e não transmitidos, nada mais eram do que os ghostings de natais passados (desculpe sendo cinéfilo não poderia deixar de fazer a piada).
Achar uma resposta adequada não significa gostar dela. Evito fazer o julgamento de valor, por isso considero outros aspectos do comportamento.
No caso que vc descreve, sem dúvida a relação ja não se enquadrava em on line dating mas a era digital não significa somente estar conectado.
São conjuntos novos de respostas afetivas e emocionais que se enquadram em uma forma de ver o mundo: célere, frugal, voltada para o imediatismo.
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Visto que isso acontecia há muito tempo, não dá para dizer que são conjuntos novos de ver o mundo, rs, mas compreendo o que quer dizer. E justamente por ser novo devemos aceitar e não discutir?
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de forma alguma.
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É tão horrível uma pessoa tratar outra como insignificante. Se colocar no lugar do outro é de graça e não faz mal nenhum.
Enfim, quem já passou por isso sabe o quanto é difícil.
Adorei o texto!
Um beijo!
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Verdade! Mas uma coisa é certa, as pessoas mal se colocam no lugar delas mesmas, que dirá do outro… triste…
Que bom que gostou!!! Fico muito feliz!
Um grande beijo!
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Concordo plenamente. O desprezo dói bem mais que um “não tô afim”. Também prefiro dar satisfação.
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Sim! Aí a pessoa segue em frente, pelo menos, né? :)
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