Já que sexta-feira é o dia internacional de encontrar os amigos, a gente aqui do Adanibella criou a Sexta dos Amigos.
Se você escreve e quer publicar sua poesia aqui, manda para o email adanibellapoesia@gmail.com
O nosso amigo de hoje é o Horácio Pontes.
Tempus Fugit
o adeus sem adeus
onde o mar fere os rochedos
sabe-se que a luta de um homem só
parece inútil
pois as leis com seus homens
e suas balanças determinam
o que pode ser poema ou
apenas uma insignificância
de seu verbo
as lágrimas chegam com seus decretos
com suas vinganças partidas e encerradas
dentro de nossas cabeças
com nosso juízo fundamentado
na incompreensão
na apreensão
nos poemas rabiscados na
parede
no muro
na pele
e que destroem coisas como
tempo
espaço
o relógio que sangra
nossas vidas
em pequenos rubis
destruindo as horas
os dias
os versos
os rochedos
nos cruzamentos das ruas
das pessoas em solidão
quando duas pessoas iguais se olham
ou dão um sinal
as leis deixam de ser inquisidoras
riscam o chão que pisamos com nossas
vaidades tão inúteis
com nossas canções já decoradas
cantadas em comunhão
em choro decorado
em silêncio
pensando que tudo é igual ao que
imaginamos
o mundo é cruel sim
Perséfone
extremamente cruel
quantas mãos que pedem nossos dedos
e que não fazem senão olhar os arquivos
do passado
de como eu mesmo me vejo fazendo isso
quando não respeito meus próprios pensamentos
os segredos do natural
os sonhos em fotografia
o desconhecido que atravessa a rua
e que faz a vida ter um sentido mesmo que breve
do mesmo que temos em nossos livros
do comparecimento ao nosso ponto particular
do espaço na hora exata
que a prosa pede
e que o verso exige
enquanto a eternidade for mortal
o amor estará cercado de números
de inconsistências e de amanhãs abortados
e quando tudo isso for apenas uma coisa
a se listar e calmamente ruir os mais
altos muros
então teremos nosso guarda-chuva
para jogarmos da ponte.
<3
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